Kichute: A História do Tênis que Marcou Gerações
Se você foi criança nas décadas de 70 ou 80, é bem provável que já tenha calçado ou sonhado em ter um Kichute. O tênis preto de lona com solado de cravo não era apenas um calçado, mas um verdadeiro símbolo da infância brasileira. Popular entre estudantes e jogadores de futebol de rua, o Kichute marcou gerações e deixou saudades. Mas, afinal, por que esse ícone desapareceu das prateleiras?

A origem do Kichute: um tênis nascido do futebol
A história do Kichute começou em 1970, quando o Brasil vivia a euforia da conquista do tricampeonato mundial de futebol. Aproveitando o clima de celebração, a empresa Alpargatas, conhecida por marcas como Conga e Bamba, lançou um calçado inspirado no esporte nacional.
O nome Kichute veio da junção das palavras “kick” (chutar, em inglês) e “chute”, fazendo referência direta ao futebol. O design simples, mas robusto, com lona preta e solado de borracha com cravos, transformou o tênis em um verdadeiro híbrido de chuteira e calçado escolar.
O auge de um fenômeno cultural
Durante os anos 70 e 80, o Kichute foi muito mais que um tênis. Ele virou um uniforme não oficial da infância, servindo tanto para ir à escola quanto para jogar bola na rua, na quadra ou no campo. O sucesso foi tão grande que, em seu auge, as vendas ultrapassaram 9 milhões de pares por ano, o equivalente a quase 10% da população brasileira da época.
O modelo virou ícone cultural, com campanhas publicitárias estreladas por nomes como Zico e narrações de Galvão Bueno. Além disso, a Alpargatas investiu pesado em publicidade, com jingles inesquecíveis como “Kichute é bom pra tudo”.
O declínio: concorrência e falta de inovação
Nos anos 90, o cenário mudou. Com a abertura econômica, marcas internacionais começaram a dominar o mercado, oferecendo tênis com mais tecnologia, conforto e design moderno. A Alpargatas, acreditando que o sucesso do Kichute seria eterno, deixou de inovar. O modelo permaneceu praticamente o mesmo desde os anos 70.
A consequência foi inevitável: em 1996, a produção do Kichute foi oficialmente descontinuada.
Tentativas de retorno e a nostalgia em alta
Mesmo após o fim da produção, o Kichute permaneceu vivo na memória afetiva dos brasileiros. Tentativas de relançamento ocorreram, como em 2005, quando a Vulcabras adquiriu os direitos da marca e trouxe o calçado de volta ao mercado, focando na nostalgia. Em 2009, o tênis foi até tema de filme: “Menino de Kichute”, baseado no livro de Márcio Américo
Mais recentemente, em 2022, a marca foi incluída no projeto “Sociedade das Marcas Imortais”, com planos de um novo relançamento digital previsto para 2023. Em 2024, a Alpargatas registrou novos pedidos de proteção de marca no INPI, indicando um possível retorno.
O Kichute pode voltar?
Embora ainda não exista confirmação oficial de um relançamento nas lojas, os recentes movimentos da Alpargatas reacenderam a esperança dos fãs. Afinal, marcas icônicas têm o poder de ressurgir, impulsionadas pela força da nostalgia e do apelo cultural.
Se você tem boas lembranças com o Kichute, continue acompanhando as novidades. Quem sabe em breve ele volte a fazer parte do nosso dia a dia?