A surpreendente história da Garoto, marca de chocolates
A Garoto, uma das marcas mais tradicionais do Brasil, teve sua origem em um contexto improvável: um jovem imigrante alemão, uma pequena produção de balas e muita resiliência. Hoje, é a maior fábrica de chocolates da América Latina, mas seu caminho foi marcado por guerras, disputas familiares e batalhas judiciais. Neste artigo, você vai entender como a Garoto passou de um negócio artesanal para se tornar uma referência nacional e internacional em chocolates.

Uma ideia doce nascida da adversidade
A trajetória da Garoto começa com Henrique Meerfrend, que deixou a Alemanha pós-Primeira Guerra em busca de oportunidades na América. Após dificuldades iniciais e até uma internação por malária no Brasil, Henrique começou a fabricar balas com apoio de outro imigrante. A marca nasceu com um diferencial: suas balas eram vendidas por meninos nos pontos de bonde de Vila Velha — daí o nome “Garoto”.
A produção cresceu rapidamente nos anos 30, graças à demanda popular e ao baixo custo. Com a herança da família, Henrique investiu em máquinas de chocolate e lançou a pastilha extra forte de hortelã, um sucesso imediato.
Guerras, intervenção e resistência
Durante a Segunda Guerra Mundial, por ser alemão, Henrique foi preso e a empresa passou por intervenção federal. Ainda assim, com apoio de empresários locais, a Garoto sobreviveu. Após o fim do conflito, voltou a crescer e inovar — foi pioneira na produção de ovos de Páscoa no Brasil, e lançou produtos icônicos como o Batom e o Serenata de Amor.
Crescimento e início dos conflitos familiares
Com a morte do fundador e a entrada da segunda geração, a Garoto entrou em uma nova fase de expansão industrial, exportações e diversificação de produtos como caramelos, bombons e chocolates recheados.
No entanto, a terceira geração trouxe conflitos internos. Em 1997, uma disputa de poder interna culminou em um golpe societário digno da série “Succession”, que tirou Helmut (filho do fundador) da presidência. Apesar do crescimento da empresa, divergências sobre a sucessão e estratégia levaram ao início do fim da era familiar.
A venda para a Nestlé e o impasse no Cade
Em 2002, a Garoto foi vendida para a Nestlé, numa operação de R$ 666 milhões. Porém, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) bloqueou a compra em 2004, temendo concentração de mercado. Foi só em 2023, após anos de disputas jurídicas e negociações, que a aquisição foi finalmente aprovada.
A Garoto hoje: tradição e inovação
Sob gestão da Nestlé, a Garoto passou por modernização, mantendo clássicos como Batom, Serenata de Amor e Talento, enquanto lançava sorvetes e biscoitos inspirados nos seus produtos. Hoje, conta com mais de 2.000 colaboradores e exporta para diversos países.
A fábrica em Vila Velha é uma das cinco maiores da Nestlé no mundo — um marco para uma marca que nasceu de um pequeno galpão e enfrentou tantas adversidades.
Conclusão: uma história brasileira de sabor e superação
A história da Garoto é marcada por coragem, visão empreendedora e inovação, mas também por conflitos e decisões difíceis. Mesmo com o fim da gestão familiar, a marca se reinventou e continua sendo sinônimo de chocolate no Brasil.