CCE: ascensão, polêmicas e queda da gigante brasileira

Poucas marcas despertam tanta nostalgia quanto a CCE. Dos microsystems que animavam festas de família aos videogames que competiam com Atari e Nintendo, seus produtos dominaram o mercado por preço baixo e ampla distribuição. Mas como a estrela nacional dos anos 80 e 90 mergulhou em escândalos, crise financeira e, por fim, sumiu das prateleiras? Descubra a história da CCE, seus altos e baixos e o legado que ainda ecoa entre consumidores brasileiros.

Montagem nostálgica de eletrônicos clássicos da década de 80/90 — TV de tubo, microsystem, radiogravador e consoles de videogame inspirados nos produtos da CCE sobre superfície de madeira.

1. Origem humilde e salto para a produção nacional

Fundada em 1964 por Isaac Sverner como Comércio de Componentes Eletrônicos, a CCE começou importando peças. A grande virada veio em 1972, com a fábrica na Zona Franca de Manaus, impulsionada pela lei da reserva de mercado que restringia importações de tecnologia. Preços acessíveis e presença em toda a cadeia de varejo fizeram a marca disparar.


2. Anos 80: áudio, TVs e a era dos “três-em-um”

Com parcerias como a japonesa Kenwood, a empresa lançou aparelhos três-em-um, rádios e TVs que viraram símbolo de status popular. Apesar das piadas (“Começou Comprando Errado”), os sistemas de som — destaque para o Studio 6060 — respondiam por mais da metade do faturamento.


3. Clones de videogame e computadores baratos

A restrição a importados abriu espaço para clones como Super Game (Atari), Top Game (Nintendo) e Turbo Game. A estratégia repetiu-se em PCs: o MC4000 copiava o Apple II, enquanto o MC1000 oferecia computação de entrada. Tudo girava em torno do mote custo-benefício.


4. Escândalo de contrabando e diversificação arriscada

Nos anos 2000, a Polícia Federal apreendeu contêineres com produtos prontos trazidos da China, declarados falsamente como insumos. A crise de reputação levou à venda da divisão de eletrodomésticos e a demissões em massa, embora a CCE ainda tentasse reerguer-se com notebooks da linha Ultrabook e smartphones Motion Plus.


5. Aquisição pela Lenovo e devolução inesperada

Em 2012 a Lenovo comprou a empresa por R$ 300 mi, modernizou fábricas e lançou novos tablets. Mas, enfrentando concorrência de Samsung e Motorola (que a própria Lenovo adquiriu em 2014), a chinesa desistiu: não pagou a última parcela e devolveu a CCE à família Sverner em 2015. A marca, já fragilizada, encerrou suas operações definitivas em 2016.


6. Legado de democratização tecnológica

Mesmo rotulada como sinônimo de “eletrônico barato que estraga”, a CCE democratizou TV, som e informática para milhões de brasileiros, competindo com Sony, Philco e Gradiente sem jamais atingir o mesmo poder de fogo. Hoje, restam apenas lembranças, estoques em leilões e discussões sobre um possível retorno.


7. CCE ainda pode voltar?

Com a fábrica de Manaus alugada a terceiros e o site fora do ar, um revival parece improvável. Contudo, a onda de nostalgia por marcas clássicas — vide Gradiente relançando eletrônicos — mantém vivo o debate. Você compraria um produto CCE 2.0? Deixe sua opinião nos comentários!