Falência da Varig: história e queda da gigante aérea

A falência da Varig não foi apenas o fim de uma companhia aérea; foi o encerramento de um capítulo crucial da aviação brasileira. De pioneira dos céus a símbolo de luxo internacional, a empresa enfrentou dívidas bilionárias, decisões estratégicas equivocadas e o avanço impiedoso da concorrência. Entenda, a seguir, como a história da Varig combina glória, crise e um legado que ainda ecoa nos aeroportos do país.

Boeing 747 da Varig estacionado ao pôr do sol, simbolizando a falência da Varig e a história da aviação brasileira.

Das asas do Rio Grande ao mundo

Fundada em 1927 pelo alemão Otto Ernst Meyer, a Varig iniciou operações com um único hidroavião e rapidamente conquistou rotas no Sul. Sob a liderança visionária de Ruben Berta, firmou parceria com a Pan Am, operou o primeiro Boeing 707 do Brasil e, nos anos 70, já voava com Boeing 747 rumo a Nova York, Tóquio e Joanesburgo. Os voos de longo curso, o serviço de bordo premiado – com direito a caviar e cartas de vinho – e um faturamento de US$ 1 bilhão em 1985 consolidaram a companhia entre as dez melhores do mundo.

Sinais de turbulência

Na virada dos anos 80 para os 90, a inflação alta, o disparo dos preços de combustível de aviação e a frota padronizada em jatos da Boeing tornaram a operação cara. O modelo da Fundação Ruben Berta, antes um trunfo, mostrou-se engessado: faltava agilidade para enfrentar novas rivais como TAM e, depois, Gol. A abertura de mercado retirou o monopólio de rotas internacionais, enquanto aviões antigos exigiam manutenção cara.

O pouso forçado

Endividada em mais de US$ 3 bilhões, a empresa vendeu a divisão Varig Log, demitiu milhares de funcionários e entrou em recuperação judicial em 2005. Sem capital para renovar a frota nem plano de reestruturação, ocorreu o leilão que dividiu “nova” e “velha” Varig. A parte lucrativa acabou vendida por US$ 320 milhões para a Gol Linhas Aéreas em 2007; a antiga companhia entrou em liquidação, e, em agosto de 2010, foi decretada a falência da Varig.

Legado que não decola mais, mas segue vivo

Apesar do fim, a Varig pavimentou rotas, modernizou aeroportos e treinou gerações de pilotos, comissários e mecânicos. A marca permanece na memória de quem voou em sua lendária primeira classe ou simplesmente cantou o famoso jingle da Varig nos anos 80.